top of page
faixa_1.png

# 34 - Podcast - CEF 
Sandro Veras

Sandro Veras

00:00
00:08
00:59
03:39
08:44
10:14
11:32
14:27
21:04
25:18
28:41
30:01
30:55
34:41
37:51
44:38
45:26
47:56

Tema e Palestrante
Prece
Palestra
Sentido da Caridade
Objetivo - Ser Feliz
a Dádiva de Jesus
Jesus como nós
Quem é Jesus?
Mateus 23
João 8
Evangelho Introdução
João 13
Esforço de Amar
Natureza do Cristo
Milagre
LE - 624
LE - 625
Possibilidades do Autoconhecimento

O Livro dos Espíritos - Parte terceira - Das leis morais - Capítulo XI - 10. Lei de justiça, de amor e de caridade - Caridade e amor do próximo - 886 (link da Kardecpedia)

 

886. Qual o verdadeiro sentido da palavra caridade, como a entendia Jesus?

“Benevolência para com todos, indulgência para as imperfeições dos outros, perdão das ofensas.”

O amor e a caridade são o complemento da lei de justiça, pois amar o próximo é fazer-lhe todo o bem que nos seja possível e que desejaríamos nos fosse feito. Tal o sentido destas palavras de Jesus: Amai-vos uns aos outros como irmãos.

A caridade, segundo Jesus, não se restringe à esmola, abrange todas as relações em que nos achamos com os nossos semelhantes, sejam eles nossos inferiores, nossos iguais, ou nossos superiores. Ela nos prescreve a indulgência, porque de indulgência precisamos nós mesmos, e nos proíbe que humilhemos os desafortunados, contrariamente ao que se costuma fazer. Apresente-se uma pessoa rica e todas as atenções e deferências lhe são dispensadas. Se for pobre, toda gente como que entende que não precisa preocupar-se com ela.

No entanto, quanto mais lastimosa seja a sua posição, tanto maior cuidado devemos pôr em lhe não aumentarmos o infortúnio pela humilhação. O homem verdadeiramente bom procura elevar, aos seus próprios olhos, aquele que lhe é inferior, diminuindo a distância que os separa.

Evangelho de Marcos, capítulo 8, versículos 27 a 30 (link da Bíblia online.com.br)

 

27 E saiu Jesus, e os seus discípulos, para as aldeias de Cesaréia de Filipe; e no caminho perguntou aos seus discípulos, dizendo: Quem dizem os homens que eu sou?
 

28 E eles responderam: João o Batista; e outros: Elias; mas outros: Um dos profetas.
 

29 E ele lhes disse: Mas vós, quem dizeis que eu sou? E, respondendo Pedro, lhe disse: Tu és o Cristo.
 

30 E admoestou-os, para que a ninguém dissessem aquilo dele.

Evangelho de Mateus, capítulo 23, versículos 1 a 12  (link da Biblia online.com.br)

1 Então falou Jesus à multidão, e aos seus discípulos,

2 Dizendo: Na cadeira de Moisés estão assentados os escribas e fariseus.

3 Todas as coisas, pois, que vos disserem que observeis, observai-as e fazei-as; mas não procedais em conformidade com as suas obras, porque dizem e não fazem;

4 Pois atam fardos pesados e difíceis de suportar, e os põem aos ombros dos homens; eles, porém, nem com seu dedo querem movê-los;

5 E fazem todas as obras a fim de serem vistos pelos homens; pois trazem largos filactérios, e alargam as franjas das suas vestes,

 

6 E amam os primeiros lugares nas ceias e as primeiras cadeiras nas sinagogas,
 

7 E as saudações nas praças, e o serem chamados pelos homens; Rabi, Rabi.
 

8 Vós, porém, não queirais ser chamados Rabi, porque um só é o vosso Mestre, a saber, o Cristo, e todos vós sois irmãos.
 

9 E a ninguém na terra chameis vosso pai, porque um só é o vosso Pai, o qual está nos céus.
 

10 Nem vos chameis mestres, porque um só é o vosso Mestre, que é o Cristo.
 

11 O maior dentre vós será vosso servo.
 

12 E o que a si mesmo se exaltar será humilhado; e o que a si mesmo se humilhar será exaltado. 

Evangelho de João - Capítulo 8 (link na Bíblia online.com.br)

 

1 Jesus, porém, foi para o Monte das Oliveiras.

 

2 E pela manhã cedo tornou para o templo, e todo o povo vinha ter com ele, e, assentando-se, os ensinava.

 

3 E os escribas e fariseus trouxeram-lhe uma mulher apanhada em adultério;

 

4 E, pondo-a no meio, disseram-lhe: Mestre, esta mulher foi apanhada, no próprio ato, adulterando.

 

5 E na lei nos mandou Moisés que as tais sejam apedrejadas. Tu, pois, que dizes?

 

6 Isto diziam eles, tentando-o, para que tivessem de que o acusar. Mas Jesus, inclinando-se, escrevia com o dedo na terra.

 

7 E, como insistissem, perguntando-lhe, endireitou-se, e disse-lhes: Aquele que de entre vós está sem pecado seja o primeiro que atire pedra contra ela.

 

8 E, tornando a inclinar-se, escrevia na terra.

 

9 Quando ouviram isto, redarguidos da consciência, saíram um a um, a começar pelos mais velhos até aos últimos; ficou só Jesus e a mulher que estava no meio.

 

10 E, endireitando-se Jesus, e não vendo ninguém mais do que a mulher, disse-lhe: Mulher, onde estão aqueles teus acusadores? Ninguém te condenou?

 

11 E ela disse: Ninguém, Senhor. E disse-lhe Jesus: Nem eu também te condeno; vai-te, e não peques mais.

12 Falou-lhes, pois, Jesus outra vez, dizendo: Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará em trevas, mas terá a luz da vida.

 

13 Disseram-lhe, pois, os fariseus: Tu testificas de ti mesmo; o teu testemunho não é verdadeiro.

 

14 Respondeu Jesus, e disse-lhes: Ainda que eu testifico de mim mesmo, o meu testemunho é verdadeiro, porque sei de onde vim, e para onde vou; mas vós não sabeis de onde venho, nem para onde vou.

 

15 Vós julgais segundo a carne; eu a ninguém julgo.

 

16 E, se na verdade julgo, o meu juízo é verdadeiro, porque não sou eu só, mas eu e o Pai que me enviou.

 

17 E na vossa lei está também escrito que o testemunho de dois homens é verdadeiro.

 

18 Eu sou o que testifico de mim mesmo, e de mim testifica também o Pai que me enviou.

 

19 Disseram-lhe, pois: Onde está teu Pai? Jesus respondeu: Não me conheceis a mim, nem a meu Pai; se vós me conhecêsseis a mim, também conheceríeis a meu Pai.

 

20 Estas palavras disse Jesus no lugar do tesouro, ensinando no templo, e ninguém o prendeu, porque ainda não era chegada a sua hora.

O Evangelho segundo o Espiritismo - Introdução (link na Kardecpedia)


INTRODUÇÃO

I — Objetivo desta obra

 

Podem dividir-se em cinco partes as matérias contidas nos Evangelhos: os atos comuns da vida do Cristo; os milagres; as predições; as palavras que foram tomadas pela Igreja para fundamento de seus dogmas; e o ensino moral. As quatro primeiras têm sido objeto de controvérsias; a última, porém, conservou-se constantemente inatacável. Diante desse código divino, a própria incredulidade se curva. É terreno onde todos os cultos podem reunir-se, estandarte sob o qual podem todos colocar-se, quaisquer que sejam suas crenças, porquanto jamais ele constituiu matéria das disputas religiosas, que sempre e por toda a parte se originaram das questões dogmáticas. Aliás, se o discutissem, nele teriam as seitas encontrado sua própria condenação, visto que, na maioria, elas se agarram mais à parte mística do que à parte moral, que exige de cada um a reforma de si mesmo. Para os homens, em particular, constitui aquele código uma regra de proceder que abrange todas as circunstâncias da vida privada e da vida pública, o princípio básico de todas as relações sociais que se fundam na mais rigorosa justiça. É, finalmente e acima de tudo, o roteiro infalível para a felicidade vindoura, o levantamento de uma ponta do véu que nos oculta a vida futura. Essa parte é a que será objeto exclusivo desta obra.

Toda a gente admira a moral evangélica; todos lhe proclamam a sublimidade e a necessidade; muitos, porém, assim se pronunciam por fé, confiados no que ouviram dizer, ou firmados em certas máximas que se tornaram proverbiais. Poucos, no entanto, a conhecem a fundo e menos ainda são os que a compreendem e lhe sabem deduzir as consequências. A razão está, por muito, na dificuldade que apresenta o entendimento do Evangelho, que, para o maior número dos seus leitores, é ininteligível. A forma alegórica e o intencional misticismo da linguagem fazem que a maioria o leia por desencargo de consciência e por dever, como leem as preces, sem as entender, isto é, sem proveito. Passam-lhes despercebidos os preceitos morais, disseminados aqui e ali, intercalados na massa das narrativas. Impossível, então, apanhar-lhes o conjunto e tomá-los para objeto de leitura e meditações especiais.


Segue...

O Evangelho segundo João, capítulo 13  (link na Bíblia online.com.br)


João - capítulo 13
 

1 Ora, antes da festa da páscoa, sabendo Jesus que já era chegada a sua hora de passar deste mundo para o Pai, como havia amado os seus, que estavam no mundo, amou-os até o fim.

2 E, acabada a ceia, tendo já o diabo posto no coração de Judas Iscariotes, filho de Simão, que o traísse,

3 Jesus, sabendo que o Pai tinha depositado nas suas mãos todas as coisas, e que havia saído de Deus e ia para Deus,

4 Levantou-se da ceia, tirou as vestes, e, tomando uma toalha, cingiu-se.

5 Depois deitou água numa bacia, e começou a lavar os pés aos discípulos, e a enxugar-lhos com a toalha com que estava cingido.

6 Aproximou-se, pois, de Simão Pedro, que lhe disse: Senhor, tu lavas-me os pés a mim?

7 Respondeu Jesus, e disse-lhe: O que eu faço não o sabes tu agora, mas tu o saberás depois.

8 Disse-lhe Pedro: Nunca me lavarás os pés. Respondeu-lhe Jesus: Se eu te não lavar, não tens parte comigo.

9 Disse-lhe Simão Pedro: Senhor, não só os meus pés, mas também as mãos e a cabeça.

10 Disse-lhe Jesus: Aquele que está lavado não necessita de lavar senão os pés, pois no mais todo está limpo. Ora vós estais limpos, mas não todos.

11 Porque bem sabia ele quem o havia de trair; por isso disse: Nem todos estais limpos.

12 Depois que lhes lavou os pés, e tomou as suas vestes, e se assentou outra vez à mesa, disse-lhes: Entendeis o que vos tenho feito?

13 Vós me chamais Mestre e Senhor, e dizeis bem, porque eu o sou.

14 Ora, se eu, Senhor e Mestre, vos lavei os pés, vós deveis também lavar os pés uns aos outros.

15 Porque eu vos dei o exemplo, para que, como eu vos fiz, façais vós também.

16 Na verdade, na verdade vos digo que não é o servo maior do que o seu senhor, nem o enviado maior do que aquele que o enviou.

17 Se sabeis estas coisas, bem-aventurados sois se as fizerdes.

18 Não falo de todos vós; eu bem sei os que tenho escolhido; mas para que se cumpra a Escritura: O que come o pão comigo, levantou contra mim o seu calcanhar.

19 Desde agora vo-lo digo, antes que aconteça, para que, quando acontecer, acrediteis que eu sou.

20 Na verdade, na verdade vos digo: Se alguém receber o que eu enviar, me recebe a mim, e quem me recebe a mim, recebe aquele que me enviou.

21 Tendo Jesus dito isto, turbou-se em espírito, e afirmou, dizendo: Na verdade, na verdade vos digo que um de vós me há de trair.

22 Então os discípulos olhavam uns para os outros, duvidando de quem ele falava.

23 Ora, um de seus discípulos, aquele a quem Jesus amava, estava reclinado no seio de Jesus.

24 Então Simão Pedro fez sinal a este, para que perguntasse quem era aquele de quem ele falava.

25 E, inclinando-se ele sobre o peito de Jesus, disse-lhe: Senhor, quem é?

26 Jesus respondeu: É aquele a quem eu der o bocado molhado. E, molhando o bocado, o deu a Judas Iscariotes, filho de Simão.

27 E, após o bocado, entrou nele Satanás. Disse, pois, Jesus: O que fazes, faze-o depressa.

28 E nenhum dos que estavam assentados à mesa compreendeu a que propósito lhe dissera isto.

29 Porque, como Judas tinha a bolsa, pensavam alguns que Jesus lhe tinha dito: Compra o que nos é necessário para a festa; ou que desse alguma coisa aos pobres.

30 E, tendo Judas tomado o bocado, saiu logo. E era já noite.

31 Tendo ele, pois, saído, disse Jesus: Agora é glorificado o Filho do homem, e Deus é glorificado nele.

32 Se Deus é glorificado nele, também Deus o glorificará em si mesmo, e logo o há de glorificar.

33 Filhinhos, ainda por um pouco estou convosco. Vós me buscareis, mas, como tenho dito aos judeus: Para onde eu vou não podeis vós ir; eu vo-lo digo também agora.

34 Um novo mandamento vos dou: Que vos ameis uns aos outros; como eu vos amei a vós, que também vós uns aos outros vos ameis.

35 Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros.

36 Disse-lhe Simão Pedro: Senhor, para onde vais? Jesus lhe respondeu: Para onde eu vou não podes agora seguir-me, mas depois me seguirás.

37 Disse-lhe Pedro: Por que não posso seguir-te agora? Por ti darei a minha vida.

38 Respondeu-lhe Jesus: Tu darás a tua vida por mim? Na verdade, na verdade te digo que não cantará o galo enquanto não me tiveres negado três vezes.

Obras póstumas - 1ª Parte - Estudo sobre a Natureza do Cristo (link na bibliadocaminho.com)


Estudo sobre a Natureza do Cristo

I. Fontes das provas sobre a natureza do Cristo
 

A questão da natureza do Cristo foi debatida desde os primeiros séculos do Cristianismo e pode-se dizer que ainda não se acha solucionada, pois que continua a ser objeto de discussão. Foi a divergência das opiniões sobre este ponto que deu origem à maioria das seitas que dividiram a Igreja há dezoito séculos, sendo de notar-se que todos os chefes dessas seitas foram bispos ou membros titulados do clero.

Eram, por conseguinte, homens esclarecidos, muitos deles escritores de talento, abalizados na ciência teológica, que não achavam concludentes as razões invocadas a favor do dogma da divindade do Cristo. Entretanto, como hoje, as opiniões se firmaram mais sobre abstrações do que sobre fatos. Sobretudo, o que se procurou foi saber o que o dogma continha de plausível, ou de irracional, deixando-se, geralmente, de um lado e de outro, de assinalar os fatos capazes de lançar sobre a questão uma luz decisiva. 

 

Mas, onde encontrar esses fatos, senão nos atos e nas palavras de Jesus? 
 

Nada tendo Ele escrito, seus únicos historiadores foram os apóstolos que, tampouco escreveram coisa alguma quando o Cristo ainda vivia. Nenhum historiador profano, seu contemporâneo, havendo falado a seu respeito, nenhum documento mais existe, além dos Evangelhos, sobre a sua vida e a sua doutrina. Aí somente é que se há de procurar a chave do problema. Todos os escritos posteriores, sem exclusão dos de São Paulo, são apenas, e não podem deixar de ser, simples comentários ou apreciações, reflexos de opiniões pessoais, muitas vezes contraditórias, que, em caso algum, poderiam ter a autoridade da narrativa dos que receberam diretamente do Mestre as instruções.


Sobre esta questão, como sobre as de todos os dogmas, em geral, o acordo entre os Pais da Igreja e outros escritores sacros não seria de invocar-se como argumento preponderante, nem como prova irrecusável a favor da opinião de uns e outros, uma vez que nenhum deles citou um só fato, fora do Evangelho, concernente a Jesus; que nenhum deles descobriu documentos novos que seus predecessores desconhecessem.


Os autores sacros nada mais conseguiram do que girar dentro do mesmo círculo, produzindo apreciações pessoais, deduzindo corolários acordemente com seus pontos de vista, comentando sob novas formas e com maior ou menor desenvolvimento as opiniões contrárias às suas. Pertencendo ao mesmo partido, tiveram todos de escrever no mesmo sentido, senão nos mesmos termos, sob pena de serem declarados heréticos, como o foram Orígenes e tantos mais.

Naturalmente, a Igreja só incluiu no número dos seus Pais os escritores ortodoxos, do seu ponto de vista; somente exalçou, santificou e colecionou aqueles que lhe tomaram a defesa, ao passo que repudiou os outros e lhes destruiu quanto pode os escritos. Nada, pois de concludente exprime o acordo dos Pais da Igreja visto que formam uma unanimidade arranjada a dedo, mediante a eliminação dos elementos contrários. Se se fizesse um confronto de tudo que foi escrito pró e contra, difícil se tornaria dizer para que lado se inclinaria a balança.


Isto nada tira ao mérito pessoal dos sustentadores da ortodoxia, nem ao valor que demonstraram como escritores e homens conscienciosos. Sendo advogados de uma mesma causa e defendendo-a com incontestável talento, haviam forçosamente de adotar as mesmas conclusões. Longe de intentarmos apontá-los no que quer que fosse, apenas quisemos refutar o valor das consequências que se pretende tirar do acordo de suas opiniões.

No exame, que vamos fazer, da questão da divindade do Cristo, pondo de lado as sutilezas da escolástica, que unicamente serviram para tudo embaralhar sem esclarecer coisa alguma, apoiar-nos-emos exclusivamente nos fatos que ressaltam do texto do Evangelho e que, examinados friamente, conscienciosamente e sem espírito de partido, superabundantemente facultam todos os meios de convicção que se possam desejar.


Ora, entre esses fatos, outros não há mais preponderantes, nem mais concludentes, do que as próprias palavras do Cristo, palavras que ninguém poderá refutar, sem infirmar a veracidade dos apóstolos. Pode-se interpretar de diferentes maneiras uma parábola, uma alegoria; mas, afirmações precisas, sem ambiguidades, repetidas cem vezes, não poderiam ter duplo sentido. Ninguém pode pretender saber melhor do que Jesus o que ele quis dizer, como ninguém pode pretender estar mais bem informado do que ele sobre a sua própria natureza. 

Desde que ele comenta suas palavras e as explica para evitar todo equívoco, é a ele que devemos recorrer, a menos lhe neguemos a superioridade que lhe é atribuída e nos sobreponhamos à sua própria inteligência.

Se ele foi obscuro em certos pontos, por usar de linguagem figurada, no que concerne à sua pessoa não há equívoco possível. Antes de examinar as palavras, 
vejamos os atos.

Obras póstumas - 1ª Parte - Estudo sobre a Natureza do Cristo - tradução de Guillon Ribeiro, pág 107 e 108: (link do Livro em PDF)

 

Estudo sobre a natureza do Cristo -
II. Os milagres provam a divindade do Cristo?

Segundo a Igreja, a divindade do Cristo está firmada pelos milagres, que testemunham um poder sobrenatural. Esta consideração pode ter tido certo peso numa época em que o maravilhoso era aceito sem exame; hoje, porém, que a Ciência levou suas investigações até as Leis da Natureza, há mais incrédulos do que crentes nos milagres, para cujo descrédito não contribuíram pouco o abuso das imitações fraudulentas e a exploração que dessas imitações se há feito.

A fé nos milagres foi destruída pelo próprio uso que deles fizeram, donde resultou que muitas pessoas consideram agora os do Evangelho como puramente lendários. A própria Igreja, aliás, tira aos milagres todo o alcance como prova da divindade do Cristo, declarando que o demônio os pode operar tão prodigiosos quanto aqueles outros. Se tal poder tem o demônio, evidente se torna que os fatos desse gênero carecem em absoluto de caráter exclusivamente divino. Se ele pode fazer coisas espantosas, capazes até de iludir os eleitos, como poderão simples mortais distinguir os bons milagres dos maus? Não será de temer que, observando fatos similares, confundam Deus e Satanás?  

Dar a Jesus semelhante rival em habilidade é grande desazo, mas, em matéria de contradições e de inconsequências, não se consideravam as coisas com muita atenção numa época em que para os fiéis seria um caso de consciência o pensarem por si mesmos e discutirem o menor artigo que se lhes impusesse à crença. Não se contava então com o progresso e ninguém cuidava de que pudesse ter fim o reinado da fé cega e ingênua, reinado cômodo, qual o do bel-prazer.

O papel tão preponderante que a Igreja se obstinou em atribuir ao demônio produziu consequências desastrosas para a fé, à medida que os homens se foram sentindo capazes de ver com seus próprios olhos. Depois de ter sido explorado com êxito durante algum tempo, ele se tornou o alvião posto no velho edifício das crenças e uma das causas da incredulidade. Pode dizer-se que a Igreja, com o tomá-lo por auxiliar indispensável, alimentou em seu seio aquele que se voltaria contra ela e lhe minaria os fundamentos. Outra consideração não menos grave é a de que os fatos milagrosos não constituem privilégio exclusivo da religião cristã. Não há, com efeito, religião alguma, idólatra ou pagã, que não tenha seus milagres tão maravilhosos e tão autênticos para os respectivos adeptos, quanto os do Cristianismo. E a Igreja se privou do direito de os contestar, desde que atribuiu às potências infernais o poder de os operar. 

 

No sentido teológico, o caráter essencial do milagre é o de ser uma exceção aberta nas Leis da Natureza, o que, conseguintemente, o torna inexplicável mediante essas mesmas leis. Deixa de ser milagre um fato, desde que possa explicar-se e que se ache ligado a uma causa conhecida. Desse modo foi que as descobertas da Ciência colocaram no domínio do natural muitos efeitos que eram qualificados de prodígios, enquanto se lhes desconheciam as causas.

 

Mais tarde, o conhecimento do princípio espiritual, da ação dos fluidos sobre a economia geral, do Mundo Invisível dentro do qual vivemos, das faculdades da alma, da existência e das propriedades do perispírito, facultou a explicação dos fenômenos de ordem psíquica, provando que esses fenômenos não constituem, mais do que os outros, derrogações das Leis da Natureza, que, ao contrário, decorrem quase sempre de aplicações destas leis. Todos os efeitos do magnetismo, do sonambulismo, do êxtase, da dupla vista, do hipnotismo, da catalepsia, da anestesia, da transmissão do pensamento, a presciência, as curas instantâneas, as possessões, as obsessões, as aparições e transfigurações etc., que formam a quase totalidade dos milagres do Evangelho, pertencem àquela categoria de fenômenos.

 

Sabe-se agora que tais efeitos resultam de especiais aptidões e disposições psicológicas; que se hão produzido em todos os tempos e no seio de todos os povos e que foram considerados sobrenaturais pela mesma razão que todos aqueles cuja causa não se percebia. Isto explica por que todas as religiões tiveram seus milagres, que mais não são que fatos naturais, quase sempre, porém, ampliados até o absurdo pela credulidade e reduzidos agora ao seu justo valor pelos conhecimentos atuais, que permitem se destaque deles a parte devida à lenda. 

 

A possibilidade da maioria dos fatos que o Evangelho cita como operados por Jesus se acha hoje completamente demonstrada pelo Magnetismo e pelo Espiritismo, como fenômenos naturais. Pois que eles se produzem às nossas vistas, quer espontaneamente, quer quando provocados, nada há de anormal em que Jesus possuísse faculdades idênticas às dos nossos magnetizadores, curadores, sonâmbulos, videntes, médiuns etc. Do momento em que essas mesmas faculdades se encontram, em diferentes graus, numa multidão de indivíduos que nada têm de divino, até em heréticos e idólatras, elas não implicam, de maneira alguma, a existência de uma natureza sobre-humana.

 

Se o próprio Jesus qualifica de milagres os seus atos, é que nisto, como em muitas outras coisas, lhe cumpria apropriar sua linguagem aos conhecimentos dos seus contemporâneos. Como poderiam estes apreender os matizes de uma palavra que ainda hoje nem todos compreendem? Para o vulgo, eram milagres as coisas extraordinárias que Ele fazia e que pareciam sobrenaturais, naquele tempo e mesmo muito tempo depois. Ele não podia dar-lhes outro nome. Fato digno de nota é que se serviu dessa denominação para atestar a missão que recebera de Deus, segundo suas próprias expressões, porém nunca se prevaleceu dos milagres para se apresentar como possuidor do poder divino. 

 

Importa, pois, se risquem os milagres do rol das provas sobre que se pretende fundar a divindade da pessoa do Cristo. 

O Livro dos Espíritos - Parte terceira - Das leis morais - Capítulo I - Da lei divina ou natural - Conhecimento da lei natural - 624 (link na Kardecpedia)

 

624. Qual o caráter do verdadeiro profeta?

“O verdadeiro profeta é um homem de bem inspirado por Deus.
Podeis reconhecê-lo pelas suas palavras e pelos seus atos.
Impossível é que Deus se sirva da boca do mentiroso para ensinar a verdade.”

O Livro dos Espíritos - Parte terceira - Das leis morais - Capítulo I - Da lei divina ou natural - Conhecimento da lei natural - 625 (link na Kardecpedia)

 

625. Qual o tipo mais perfeito que Deus já ofereceu ao homem para lhe servir de guia e modelo?

“Jesus.”

Para o homem, Jesus constitui o tipo da perfeição moral a que a humanidade pode aspirar na Terra. Deus no-lo oferece como o mais perfeito modelo, e a doutrina que ensinou é a expressão mais pura da lei do Senhor, porque o espírito divino o animava, e porque foi o ser mais puro de quantos têm aparecido na Terra.

Quanto aos que, tendo pretendido instruir o homem na lei de Deus, transviaram-no por meio de falsos princípios, isso aconteceu por haverem deixado que os dominassem sentimentos demasiado terrenos, e por terem confundido as leis que regulam as condições da vida da alma com as que regem a vida do corpo. Muitos apresentaram como leis divinas simples leis humanas estatuídas para servir às paixões e dominar os homens. 

bottom of page